18/06/2017

Especialista fala sobre a vaidade dos homens de Artur Nogueira

Kaique Pereira é barbeiro na Pordoti’s Barber n’ Shop e dá dicas valiosas para homens que desejam manter a aparência sempre alinhada

Alysson Huf

O Brasil é segundo país mais voltado à vaidade masculina, perdendo apenas para os Estados Unidos. O mercado brasileiro de beleza para homens cresce em ritmo crescente, mesmo em tempos de recessão econômica. Uma pesquisa da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos diz que os homens vaidosos gastam, em média, 30% do salário com o segmento – metade disso apenas em cosméticos.

Artur Nogueira não foge à regra. Se há 15 anos atrás os homens do município ‘Berço da Amizade’ tinham preconceitos com aqueles que frequentavam salões mais de uma vez a cada 45 dias, o cenário hoje é bem diferente. Tão diferente que basta andar alguns quarteirões da cidade para encontrar várias barbearias e salões específicos para os homens.

Kaique Pereira, de 23 anos, é barbeiro na Pordoti’s Barber n’ Shop, uma das barbearias pioneiras da cidade. Cerca de 60 clientes são atendidos por ele toda semana no local, que conta com pelo menos mais dois barbeiros e diversas outras opções para os nogueirenses que preferem manter a aparência em dia.

Nesta entrevista, Pereira fala sobre a vaidade dos homens de Artur Nogueira, o crescimento de barbearias na cidade e dá dicas preciosas para aqueles que desejam estar com a aparência sempre alinhada.

Confira a entrevista na íntegra:

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Nos últimos anos, os homens estão se cuidando mais. O que você acha que tem causado esse aumento do cuidado masculino com a aparência? Hoje em dia, tudo o que você faz, você posta nas redes sociais. Então veio à tona a barbearia, com o estilo vintage. Nos Estados Unidos (EUA), essa tendência já tem mais de 10 anos, assim como em países da Europa. Aqui no Brasil, quando os homens começaram a ver isso (e em muita coisa, em questão de estilo, as pessoas buscam referências no exterior), de uma hora para outra bombou essa coisa de o homem se cuidar mais. Antigamente havia, por exemplo, muito preconceito com o homem que tinha barba, pelo menos para certos tipos de profissões. Hoje, não. Agora isso faz parte do estilo da pessoa, é uma forma de divulgar a personalidade dela. E isso traz muitas novas tendências, como o estilo afro, que está em alta nos últimos tempos.

Você acha que hoje ainda há muito preconceito com o metrossexual, o homem que faz muita questão de cuidar da aparência? Eu acho que não. Hoje em dia, as próprias mulheres gostam mais do homem que se cuida, que está com a barba mais alinhadas, mais arrumado, que gosta de passar um tempo cuidando da aparência. Homem relaxado já era. Essa época do homem esculachado acabou. Hoje, se o cara não tiver um corte legal, a mulher já repara; mulher é bem detalhista. Então os homens vão muito pela opinião da mulher, para agradar elas.


“Em muita coisa, em questão de estilo, as pessoas buscam referências no exterior”


Na sua opinião, o homem de Artur Nogueira é vaidoso? Acredito que todos os homens de Artur Nogueira têm ficado mais vaidosos. Antigamente eles eram quietões, mais de boa. Agora a galera está com tudo. Eles têm se cuidado mais, feito cortes mais ousados, usado bastante dégradé, coisas mais elaboradas, às vezes com um risco, deixando a barba. Então acho que a galera de Artur está bem ativa nesse quesito. E você percebe isso só de andar na rua.

Nos últimos tempos, a barba voltou à moda. Mas tem gente que fala que ela está com os dias contados. O que você acha? Eu acho que não. Essa tendência da barba deve crescer cada vez mais. Isso porque virou um estilo de vida. Hoje em dia eu atendo advogados, pessoas que antigamente raramente tinham um estilo diferente, e hoje isso faz parte do dia a dia deles. Se ele deixar de ser daquele jeito, ele vai deixar de ter a personalidade dele, do advogado que tem um estilo, ou um médico que tem um estilo diferente. Então não acho que isso vai acabar logo.

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Então cuidar da aparência pessoas ajuda também na vida profissional. Com certeza! Hoje tem ajudado muito. A gente tem uns advogados e médicos que vêm à barbearia, e eles fazem questão de ter um estilo diferente. E, às vezes, até a clientela da pessoa é atraída por isso. Eles veem que o cara é advogado, mas é mente aberta, tem um estilo diferente. Isso ajuda muito hoje em dia.

E o que é preciso fazer para se ter uma barba legal? Deixar ela crescer e fazer um ‘visagismo’ para adequar ao rosto dele. Porque todo homem tem um tipo de barba. Então se você deixar sua barba crescer e, aos poucos, modelar ela, todos os caras vão ver que barba é um acessório bem legal de se usar. E isso não é algo muito difícil de fazer. Os cuidados são poucos para a barba. Porque hoje em dia a tendência é mais o estilo lenhador, que são as barbas maiores, mais cheias. Mas, para quem está se acostumando, quem quer ter um meio-termo, precisa só de uma máquina, manter ela baixinha, meio por fazer, que daí já faz um outro estilo.


“Acredito que todos os homens de Artur Nogueira têm ficado mais vaidosos”


E que tipo de produtos há hoje disponíveis no mercado para o cara que quer cuidar da barba? Nossa, hoje tem desde shampoo e condicionador com PH especial para o pelo do rosto, tem óleo de hidratação e brilho, massa esfoliante, até um monte de produtos para quem não tem barba, ou tem a barba rala, para crescimento. E com resultados reais, que funcionam. Porque antes tinha muita coisa que era mito, que não funcionava. Hoje em dia você tem produtos que em seis meses te deixam com uma barba gigantesca. É uma coisa a qual todos podem se adequar. Todo homem pode ter uma barba legal.

Na sua opinião, quais as principais diferenças, nos cuidados básicos com a aparência, de um homem para uma mulher? O homem corta muito mais o cabelo que a mulher. A mulher vai ao salão e o cuidado que ela tem é para vários meses. Ela faz uma química ou um corte que vai durar três, quatro meses, antes de precisar mexer de novo. O homem não. De 20 em 20 dias, se você quiser uma aparência legal, com corte bem feito, tem que voltar ao barbeiro. Daí você sempre mantém a aparência alinhada. O estilo não é deixar a barba grande, o cabelo grande e virar um ursão. O estilo é você ter tudo isso, mas bem cuidado. Acho que essa é a principal diferença.

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Homem e maquiagem combinam? Acho que a maquiagem para homens hoje é mais voltada àqueles que trabalham com televisão, que trabalham com a própria imagem. Para o dia a dia, eu acho que não seria algo tão legal para o homem. Porque o homem não tem essa paciência de estar na frente do espelho. Hoje, para você ensinar para um homem que ele precisar usar secador de cabelo para montar certos penteados, já é difícil. Imagina uma maquiagem. O cara não vai fazer, por mais que seja algo discreto. Acho que não rola. Só se o cara quiser muito isso. Do contrário, acho difícil.

E aqui na Pordoti’s, o que vocês oferecem para os homens que se cuidam mais? A gente oferece um ótimo atendimento, corte, barba. Temos também o bar e a loja, que trabalham de maneira integrada. A gente quer que o cliente venha, traga os amigos, tome uma cerveja. Se for sair no fim de semana com a mulher, já escolhe uma roupa aqui. Esse é o atendimento da barbearia gourmet, que a gente procura oferecer aqui. A gente tem planos de oferecer manicura e pedicure, que são uma vaidade dos homens, mas que raramente são frequentados por eles. Mas se você oferece isso dentro de uma barbearia, você consegue proporcionar um atendimento mais específico. O cliente vem, ajeita o cabelo, arruma a barba e já dá um talento na unha. E já sai com a roupa pronta. É isso que a gente tenta oferecer na barbearia gourmet: um lugar em que o cliente será bem atendido, e que o homem encontra tudo o que precisa.


“Todo homem pode ter uma barba legal”


Como você enxerga o crescimento desse mercado e o aumento da concorrência? A concorrência está crescendo. É uma profissão que bombou. Hoje em dia, todos estão fazendo curso, aprendendo, pois é uma profissão que não depende de uma faculdade ou algo mais específico. Um desempregado, que acha que leva jeito para cortar cabelo, ele pode fazer um curso, descobre sua profissão e rapidamente monta uma barbearia. Ante não tinha isso. De barbearia, nós fomos os pioneiros. Depois o pessoal cresceu olho, e os salões de cabeleireiros masculinos se transformaram em barbearia. Se antes não tinha nenhuma, hoje tem 20. O que nos diferencia é justamente esse atendimento. O que nós oferecemos na Pordoti’s é o atendimento da barbearia gourmet, que agrega todo esse conteúdo vindo da Europa e dos Estados Unidos, essa tendência vintage.

Depois que o cliente sai todo arrumado do salão, como ele faz para manter a aparência alinhada em casa? As pessoas têm bastante dificuldade com isso mesmo. Eles nos perguntam muito sobre isso. E o que eu digo é, como não temos um preço muito elevado, para um homem se cuidar hoje em dia, ele pode gastar R$ 50 por mês, ou R$ 60. Não é muito, convenhamos. Se ele vier uma vez por mês fazer corte e barba, e depois mais uma vez fizer barba, não vai pesar no bolso dele. E assim ele vai estar sempre alinhado, sem o trabalho de estar em casa, com aquelas dificuldades todas. Em casa ele vai mais usar um óleo, cuidar na hora de pentear. É mais isso.

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