30/01/2019

Bateria do Bloco da Vaca inicia ensaios em Artur Nogueira

Tradicional Bloco da Vaca completa 89 anos em 2019

Diego Faria

Os ensaios da bateria do tradicional Bloco da Vaca de Artur Nogueira tiveram início na noite desta terça-feira (29) no município. Neste ano de 2019, o bloco comemora 89 anos de existência e, mais uma vez, deverá marcar o Carnaval nogueirense com energia e descontração.

Responsável por contribuir com a animação do Carnaval de Artur Nogueira (atualmente nomeado como Carnartur), a bateria do Bloco da Vaca faz parte da raiz carnavalesca do município, tendo origem anterior a 1930. As noites de Carnaval de Artur Nogueira têm atraído milhares de foliões, vindos de diferentes cidades da região. No ano passado (2018), a festa obteve a marca de 85 mil foliões que passaram pela cidade durante as cinco noites de evento.

O primeiro encontro dos participantes do Bloco da Vaca aconteceu nesta terça-feira (29). De acordo com um dos organizadores do bloco, David Martins, esse ano 80 pessoas deverão participar do grupo.

“É com muita alegria que estamos juntos com nossos colaboradores e patrocinadores, organizando mais um Carnaval. Que tenhamos um Carnaval em família e com muita alegria. Desejo um ótimo evento a todos os nogueirenses e a todo o público”, relata.

Os encontros dos participantes da bateria e do Bloco da Vaca estão programados para as noites de terça e quinta-feira, a partir das 19h30, em frente ao prédio da antiga Biblioteca Municipal, situado na Avenida Dr. Fernando Arens, no centro do município. Crianças, adolescentes e adultos integram o tradicional bloco que, sempre muito comprometido, oferece alegria e descontração ao Carnaval de Artur Nogueira.

Esse ano (2019), as festividades de Carnaval ocorrem entre os dias 1º e 5 de março, já o Bloco da Vaca, deve desfilar na avenida do Carnartur nos dias 3 (domingo) e 5 (terça-feira). O bloco deverá contar com quatro vacas confeccionadas.

Bloco da Vaca

A tradição de colocar a vaca de brinquedo na rua surgiu em meados do século 20. Famílias tradicionais da cidade, livremente inspiradas nas touradas espanholas, criaram a brincadeira, que rapidamente se popularizou na localidade. A data exata da origem ainda é debatida, mas o primeiro registro fotográfico é de 1930. Por isso, resolveu se oficializar a idade do Bloco da Vaca com base nisso.

Até os anos 1980 apenas homens participavam do bloco. Mulheres e crianças só assistiam, sem se envolver na brincadeira. Isso mudou há cerca de 30 anos – e, no caso das crianças, elas ganharam uma versão para elas do bloco, os Filhos da Vaca. Em seus primórdios, o Bloco da Vaca não tinha esse nome. Ele começou como “Banda do Boi”.

A brincadeira era organizada pelas próprias famílias de Artur Nogueira, que se encarregavam de confeccionar a vaca e conduzi-la pelas ruas da cidade, correndo atrás dos foliões. Com o passar dos anos, o nome mudou e a proporção da folia aumentou. A responsabilidade de preparar a vaca para a festa ficou a cargo de outras pessoas.

Hoje, um grupo de voluntários trabalha na confecção da vaca. Entre eles, Eduardo Pietrobom (Duda), Geraldo Townsend (Lelo), Anderson Luís Lopes (Ninão), Euclides de Sá, Levi Fernando de Melo, David Alan Martins, Pedro Salim, André Luís Cardona (Gordico) e Cintia Chichurra. O processo de criar o animal dura mais de um mês e meio, e inclui ir à mata para pegar cipó, conseguir crânios verdadeiros de vaca, montar a estrutura, revestir com espuma e pano, pintar e deixar perfeita para a festa em que ela é a atração principal.

Em todos esses 89 anos de tradição, a festa passou por algumas mudanças em seu formato. Se antes as pessoas corriam da vaca para que ela não as acertasse, hoje é comum ver foliões pulando na vaca ou mexendo com ela. Apesar de divertida, a brincadeira dificulta a vida de quem está debaixo da fantasia, que pesa cerca de 30 quilos.

Em 2015, toda essa tradição recebeu um grande reconhecimento. O Bloco da Vaca foi registrado como Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado de São Paulo. Antes disso, em 2012, o bloco já havia sido reconhecido como Patrimônio Cultural e Imaterial de Artur Nogueira.

Patrimônio Cultural Imaterial são práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas transmitidos de geração em geração e constantemente recriados pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história. Elas geram um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo assim para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.

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